ISSN
1808-6462

Editorial

     A presente edição especial da Revista Pontes, Paranavaí, 2022, volumes 15-16, Chamada de Artigos sobre Moçambique, é concedida e dedicada a pesquisadores moçambicanos, especialmente, das províncias de Zambézia e Sofala, revelando justamente a ciência no cotidiano de forma clara e didática, sendo seu propósito-chave viabilizar publicações no contexto das políticas públicas sociais que contribuem para o bem-estar geral do país, com particular destaque para pesquisas emergentes na Universidade Licungo.

      A edição, embora com uma dimensão regional africana da SADC, constitui uma oportunidade imprescindível de afirmação académica para jovens pesquisadores moçambicanos das províncias em que está implementada a instituição e de Moçambique em geral, na prossecução das suas carreiras nas universidades e em outros sectores públicos de investigação.

      O compartilhamento de oportunidades no exterior tem-se tornado numa mais-valia, porém, ambicionamos ter nossas próprias plataformas de divulgação dos nossos trabalhos académicos, daí que, no âmbito da amizade e vontade do Editor Chefe da Revista, o Professor Doutor Felipe Figueira, conquistamos um espaço para a Pós-Graduação da Faculdade de Economia e Gestão na presente Edição Especial, volumes 15 e 16.

    Sendo a UniLicungu uma universidade nova e em implantação, as oportunidades de publicação são bastante exíguas, pelo que decidimos partilhar a oportunidade concedida à Faculdade de Economia e Gestão, ampliando o horizonte oferecido, abrindo dois dossiês académicos relativos a dois grupos de pesquisas em que o editor convidado, Prof. Doutor Alberto Bive Domingos, criou e faz parte

   Congregando os dois referidos grupos, o da Faculdade de Educação, área em que o Editor convidado detém um backgraund académico relevante e na Faculdade de Economia e Gestão, onde exerce as funções de gestão universitária desde 2019, como Director Adjunto para a Pós-Graduação, foram concebidos dois dossiês representativos das pesquisas desenvolvidas nas duas faculdades: um relativo às oportunidades, ambiente de negócios e alternativas PÓS-COVID-19 em Moçambique para a retomada do desenvolvimento económico nas províncias de Zambézia e Sofala e outro ligado à Inovação educativa na formação de professores e na ligação escola comunidade para escolas sustentáveis do Século XXI, em Moçambique, na era da COVID-19: Políticas, fragilidades e desafios.

   Tendo em conta que o intuito da presente edição é de apoiar e incentivar docentes, pós-graduandos e outros pesquisadores em início de carreira e percurso académico a envolver-se em actividades de pesquisa, os pesquisadores são desafiados a trazer para a revista experiências e conhecimentos de pesquisa, cujo propósito é que isso impacte positivamente na ciência, contribuindo para o desenvolvimento de Moçambique no aprofundamento e na disseminação do conhecimento local.

      A princípio, o Dossiê 1 (Edição 15) confere uma análise social, e reflexão ao sistema tributário moçambicano assolado pela COVID-19, que, igualmente devasta o mundo. Os artigos demonstram e projectam as tendências económicas nacionais a longo prazo, buscando fundamentar as possibilidades de crescimento e, através da contribuição ao PIB, tendo em conta que Moçambique, mesmo com o impacto da crise financeira global que desacelerou o contínuo crescimento que se vinhe registando na década passada, continua a ser um destino de investimento e uma das economias de crescimento mais rápido do mundo.

      Desde o fim da guerra-civil, notam-se grandes movimentos de investimentos e um aumento significativo da produção e produtividade agrícola. Há que salientar outros sectores produtivos como a indústria, que absorve a força de trabalho em crescimento. Aliás, sobre isso, há que considerar que o crescimento está sendo galvanizado pelo sector da indústria extractiva, que mereceu atenção nos últimos anos com a descoberta de enormes reservas de gás natural no norte do país, em Cabo Delgado.

      O país produz vários recursos minerais como o carvão, areias pesadas, alumínio, pedras preciosas, minas de grafite, o que impulsiona cada vez mais o crescimento notável, premissa para o desenvolvimento. De referir que, esses pressupostos, catapultarão bens e serviços o que significa que os ganhos serão tripartidos (tributação, apoio a  empreendedores e ampliação de serviços). Além do mais, os incentivos fiscais para atrair mais investimentos contribuem para uma mobilização crescente de receitas, assegurando uma melhoria na base tributária exclusivamente nas províncias da Zambézia e Sofala pelos níveis de colecta de receitas fiscais.

         Sublinha-se os benefícios sociais das PME ́s, considerando que têm um papel crucial na redução da pobreza nas zonas urbana e rural, através da criação de empregos e geração de renda para a população do baixo poder de compra de grandes massas de trabalhadores, permitem “empoderar” a mulher, ao proporcionar um vasto espectro de produtos e serviços, daí consideremos viveiros para a inovação e o empreendedorismo feminino.

        Neste contexto, muitas PMEs enfrentam vários desafios ao operar na  informalidade, marcadamente com carências de financiamento e capital de longo prazo, apresentam um reduzido acesso a serviços económicas e sociais básicas, aos mercados, a tecnologias e ao conhecimento técnico-científico até para questões cruciais como ter uma contabilidade organizada.

         O Dossiê 2 (Edição 16), abraça uma estratégia de implementação adotada no contexto de ampliação dos espaços de participação pública através da escola. Nessa óptica, os artigos discutem a educação como parte essencial da formação e do desenvolvimento do ser humano.

      Considera-se, neste âmbito, que a escola tem um papel fundamental para a construção de uma cidadania participativa, entendida como a construção permanente e coletiva da sociedade. A Escola é do interesse público, por conseguinte, um processo de construção permanente do ideal da sociedade, assenta no pressuposto da autoridade partilhada entre diferentes actores sociaises. É através de processos de participação que a cidadania, direitos e deveres individuais e coletivos se materializam através da escola.

   A formação de professores tem a ver com o despoletar do aluno na escola, propiciando o progresso ou o desenvolvimento psíquico-cognitivo, motor e afectivo. Realça-se a importância das relações interpessoais, entre alunos e professores na sala de aulas e as intersociais, que possibilitam o reforço das lideranças locais. A abordagem debruça-se sobre a funcionalidade do sistema como um todo, visualizando a escola nas suas relações com a sociedade.
Falar da formação de professores sem falar da sua interligação com a comunidade, pode ser um esforço sem orientação e apoio aos alunos para adaptação às ultimas tecnologias e currículos de aprendizagem, apoiados na formação continuada de professores para a educação básica, secundária e universitária.

   Das análises e sugestões patentes no dossiê, apuramou-se que a educação enfrenta inúmeros desafios. São necessários avultados investimentos na formação de professores, infraestruturas escolares ajustadas e adaquadas e o aperfeiçoamento dos meios de avaliação por meio de políticas educacionais sustentáveis. Ademais, os artigos indicam que a Inovação educativa incide essencialmente na construção de projetos institucionais que tenham como ponto de partida as necessidades formativas dos professores em contexto e, que reconheçam na pedagogia um espaço profícuo para a formação e profissionalização docente.

Referir que no que se refere ao direito à educação, o professor necessita de um espaço permanente e dialógico para a construção da competência pedagógica, que favoreça a introdução e ao uso eficaz de metodologias activas e participativas, de micro-aulas na aprendizagem para a emancipação humana.

   Em jeito de agradecimentos e em nome da revista, ressaltamos elevados agradecimentos ao Prof. Doutor Felipe Figueira pela oportunidade de partilhar o avanço da ciência neste quadrante para além do olhar endógeno brasileiro, ao viabilizar publicações de autores não brasileiros, sobretudo, em prol da internacionalização do trabalho desenvolvido em território moçambicano, através da Revista Pontes, incluindo a participação da Universidade Pedagógica de Moçambique e da Universidade Jean Piaget de Angola.

   Aos leitores, clarificar que os artigos de dois dossiês esmiúçam pontos e temas recorrentes e mobilizam inovadoras reflexões diante de assuntos que versam sobre questões conceituais, concepções, análise e projecções de políticas públicas e realidades moçambicana e angolana, que, não sendo exclusivas, podendo ser inspiradoras e provocar estímulos e pensamentos novos. Os autores que atenderam ao nosso convite esmeram-se em oferecer produtos criteriosamente seleccionados e significativos de actividades que resultam de pesquisas e reflexões críticas dos contextos políticos actuais dessas realidades
sob suas responsabilidades.

   Desejamos que esta edição possa contribuir para promover acções combinadas de desenvolvimento económico, humano e social não só nos contextos explorados como em outros similares, rumo a um desenvolvimento harmonioso.

   Agradecemos aos revisores e pareceros pelas valiosas e inestimáveis contribuições. Assim, convidamos e desejamos a todos/as uma boa leitura!

Prof. Doutor Alberto Bive Domingos

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